Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Qual o Contributo da Química?
O conceito de Desenvolvimento Sustentável, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) nos anos 80 do século passado, surgiu como consequência de uma preocupação ambiental crescente, motivada pelos impactos provocados pela ação humana no meio, bem como pela emergência de questões como as mudanças climáticas e o aquecimento global. Este passou a ser entendido como um desenvolvimento económico da humanidade e deve ser baseado na conservação dos recursos naturais, ou seja, deve permitir a satisfação das necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.
Em 2015 a ONU definiu a Agenda 2030 com um conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esta é uma agenda alargada e ambiciosa que aborda várias dimensões do desenvolvimento sustentável, quer ao nível social e económico, quer ao nível ambiental, promovendo a paz, a justiça e a formação de instituições eficazes. A Agenda 2030 da ONU e os ODS constituem um referencial e uma visão para a Humanidade, resultando de um contrato entre os líderes mundiais e os povos e constitui-se como “uma lista de coisas a fazer em nome dos povos e do planeta”.
O Desenvolvimento Sustentável, enquanto domínio da Educação para a Cidadania – Cidadania e Desenvolvimento, visa assegurar que a educação contribui para que as crianças e os jovens adquiram conhecimentos, capacidades, valores e atitudes que lhes permitam ser agentes de mudança na construção de um mundo sustentável, inclusivo, pacífico e justo, que promova a melhoria da qualidade de vida e que atenda às necessidades das atuais gerações e das gerações vindouras (Referencial de Educação para o Desenvolvimento, DGE 2016).
No âmbito da disciplina de Química de 12º ano, foi proposto aos alunos que fizessem uma investigação sobre o contributo da Química para a consecução dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Neste contexto, foram desenvolvidos trabalhos de comunicação em ciência em que cada grupo selecionou um objetivo mais ligado à sustentabilidade ou mais ligado aos direitos humanos. Os alunos “agarraram” o desafio e propuseram que este fosse integrado no Projeto de Cidadania e Desenvolvimento da turma.
Entre os ODS selecionados pelos alunos, destacam-se os seguintes: ODS 2, Fome e Agricultura Sustentável (importância do Processo de Haber – Bosch na produção de fertilizantes, contributos da Biotecnologia na agricultura para a melhoria da qualidade das plantas e do seu valor nutricional); ODS 3, Saúde e Bem Estar para todos (importância de medicamentos como a penicilina ou a aspirina, novos contributos da nanotecnologia na produção de fármacos, tratamento e diagnóstico de doenças, vacinas tradicionais e vacinas de mRNA contra a COVID-19); ODS 4, Educação de Qualidade (o conhecimento químico permite escolhas mais fundamentadas e impulsiona carreiras científicas necessárias ao desenvolvimento sustentável); ODS 6, Água Potável e Saneamento (tratamento de águas com recurso à nanotecnologia, sensores químicos, osmose reversa e adsorção com carvão ativo); ODS 7, Energias Renováveis (energias renováveis como alternativa aos combustíveis fósseis, com vista à redução de emissão de gases com efeito de estufa, biocombustíveis e hidrogénio verde); ODS 12, Produção e Consumo Sustentáveis (desenvolvimento de processos de produção mais sustentáveis, contributos da Química Verde, criação de materiais recicláveis). Para todos estes ODS foram elaborados pósteres para serem apresentados à comunidade escolar e que serviram de base para o debate de ideias.
Cada ODS foi ainda desenvolvido numa perspetiva de Cidadania: o direito à educação e à saúde de qualidade; o combate à fome e a sensibilização para o não desperdício alimentar; a necessidade de preservação dos recursos não renováveis e de diminuição da emissão de gases com efeito de estufa; a necessidade do recurso a alternativas energéticas mais eficientes e menos poluentes; a produção e consumo sustentáveis, bem como a importância da reciclagem, da reutilização e da diminuição da produção de resíduos.
Em conclusão, procurou desenvolver-se a perspetiva de que esta nova geração de alunos que vão ingressar no ensino superior, em áreas ligadas às ciências e às engenharias, deve estar sensibilizada para a procura de soluções adequadas aos problemas ambientais, económicos e sociais com os quais nos deparamos enquanto sociedade.
Cabe a estes estudantes um papel ativo na procura de soluções no futuro, contribuindo para um desenvolvimento sustentável.
Ana Maria Tavares, professora de Química do 12º C e
coordenadora do Departamento de Matemática e Ciências Experimentais