A obra Memorial do Convento de José Saramago relata uma belíssima história de amor, ao mesmo tempo que critica a desigualdade social da época (século XVIII) em que esse amor se desenvolve.
Em primeiro lugar, na obra, é retratada a história de amor entre Baltasar e Blimunda, um casal simples, humilde e que vive o amor de forma plena. Para constatar este facto, o narrador apresenta-nos diferenças entre este par e o casal formado pelo rei e pela rainha. Por exemplo, é-nos transmitido que o rei e a rainha apenas estão juntos por conveniência, tanto que o rei tem pelo reino diversos bastardos e a rainha sonha com o seu cunhado. Por outro lado, Baltasar e Blimunda unem-se por amor e nem a própria morte os separa. Além disso, é um casal em que a fidelidade é plena.
Por outro lado, a ironia que o narrador utiliza muitas vezes para caracterizar os indivíduos de classes sociais mais elevadas, como o casal real ou elementos da Igreja, cativa o leitor e ajuda muito na compreensão da mensagem que o mesmo quer transmitir. Podemos ver que o narrador ridiculariza a relação entre os monarcas, como é exemplo a relação sexual entre eles. Também podemos ver a tentativa de rebaixamento da realeza através do modo como se fala da gravidez da rainha, com recurso à forma verbal “emprenhou”.
Pensamos que a obra Memorial do Convento é muito cativante pela ironia que o narrador utiliza e pela história que nos conta.