Visita de estudo ao Museu do Aljube e à Coleção Berardo
No passado dia 17 de março, as turmas do 12º E, F, F1 e D, de História A e de Ciência Política e o 11º E de História da Cultura e das Artes, realizaram uma visita de estudo ao Museu do Aljube – Resistência e Liberdade e ao Centro Cultural de Belém.
A visita ao Museu do Aljube, integrada no programa de História A e nas atividades do “Projeto 25 de Abril”, foi muito apreciada pelos alunos, tendo sido atingidos todos os objetivos propostos, designadamente o aprofundamento das características do regime salazarista e do aparelho repressivo do Estado Novo. Os alunos foram orientados por quatro profissionais e a visita iniciou-se com o visionamento de testemunhos, como o do político/professor/historiador Fernando Rosas, que esteve preso nesse edifício durante o Estado Novo. Os alunos puderam colocar questões pertinentes, como foi o caso do aluno Miguel Jalles, interessado em aprofundar aspetos relacionados com as técnicas de tortura e episódios de fuga do cárcere. Depois, passaram por diferentes pisos onde puderam observar imagens das torturas aplicadas, como, por exemplo, a da privação do sono durante dias e noites, a “frigideira” e a “holandinha”, usadas no campo do Tarrafal, em Cabo Verde. Ainda viram a recriação dos “curros” ou “gavetos”, espaços exíguos, de um metro por dois, onde os suspeitos eram encarcerados até passarem para o edifício da Polícia Política, na Rua António Maria Cardoso, onde eram exaustivamente interrogados e torturados. Puderam, também, observar vários documentos, tais como fotografias e textos censurados.
No Centro Cultural de Belém, o nosso objetivo era visionar obras do modernismo português e a sua integração nas vanguardas internacionais, conteúdos programáticos de História A e de HCA. O guia iniciou a sua exposição com uma aprofundada explicação sobre o que é o modernismo, apontando exemplos de obras de Amadeo de Souza-Cardoso, numa sala onde estavam também expostos objetos artísticos do primitivismo africano, tendo ainda feito referência às obras de Cézanne. Observámos também obras escultóricas de Modigliani e uma pintura de Picasso da fase cubista.
Foi interessante observar os rostos de alguns alunos quando reconheciam obras de arte emblemáticas estudadas em História A. Foi o caso da aluna Maria Miguel, espantada perante uma obra de Mondrian – abstracionismo geométrico -, ou de outros alunos que, de imediato, reconheceram os desenhos da obra “A Fonte”, mais conhecida pelos alunos como “o urinol” e a descoberta da obra “Porta Garrafas”, obras ready-made, de Marcel Duchamp, inseridas no movimento Dada. O guia debruçou-se sobre a obra de Helena Vieira da Silva, pintora portuguesa, obrigada a permanecer no exílio durante o Estado Novo, com a sua visão das cidades, também integrada no abstracionismo geométrico. Observaram obras pop art, desde Yves Klein às “caixas de Brilho” de Andy Warhol.
Todos os alunos manifestaram sempre muito interesse, foram exemplarmente pontuais e extravasaram a sua alegria no autocarro com muitas canções. Para alguns alunos, esta era a primeira vez que iam a Lisboa, e para todos era a primeira vez que iam a estes museus e a sua primeira visita de estudo pós-pandemia. Ao chegarmos a Espinho, foi deveras gratificante ouvir os alunos a agradecerem a oportunidade proporcionada pelos professores e, em última análise, à Escola Dr. Manuel Laranjeira.