Testemunho de Ana Gabriela Moreira

(Diretora entre 2013 e 2022)

     O Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Laranjeira resultou de um processo de agregação que acompanhei e acarinhei enquanto Adjunta e, posteriormente, Subdiretora da Escola Dr. Manuel Laranjeira. A participação neste processo de agregação, o exercício da atividade docente ao longo de anos na escola Básica e Secundária Dr. Manuel Laranjeira, sede do Agrupamento, permitiram-me ter um conhecimento aprofundado da sua estrutura, funcionamento e clima organizacional, bem como do seu legado pedagógico e cultural. Este conhecimento foi essencial, pois não se pode fazer história esquecendo o passado e o caminho que as organizações foram construindo.

     Como missão tinha a construção de um agrupamento de escolas de referência, a nível local e nacional, com base em processos educativos de qualidade, numa cultura de excelência que conduzissem todos ao sucesso.

     O AEML tinha a vantagem de estar inserido num território onde as escolas distam pouco umas das outras, mas tinha um elevado número de discentes, o que o tornava um dos maiores agrupamentos a nível nacional – mais de 3000 alunos!

     Foi uma missão abraçada por muitos, que colaboraram, participaram nos desafios propostos e também criticaram, nos sítios certos, sugeriram alternativas ao percurso que estávamos a seguir. Outros houve, no entanto, que se alhearam e recusaram participar nos processos de mudança.

     O caminho foi feito procurando fomentar um bom ambiente entre os intervenientes do processo educativo, criando atividades que permitissem o sentido de pertença ao agrupamento,  tais como festas de Final de Ano para alunos e encarregados de educação, convívios para todos os docentes e pessoal não docente, criação da Laranjeira TV, do Jornal Plural, dos Dias Abertos, do Trilhar o Futuro, cerimónias de entrega de diplomas, colóquios para toda a comunidade educativa sobre variados temas, assembleias de pais e alunos, atividades em conjunto com as diferentes associações de pais, entre tantos outros momentos que fazem parte da memória do AEML.

     Como Agrupamento, não foi esquecido o seu princípio basilar: aumentar o sucesso escolar, tornando-o mais consistente e generalizado, bem como desenvolver a formação integral do aluno.

     Ainda sem o DL55/2018, inovamos ao criar um projeto de semestralidade para algumas disciplinas, nalgumas turmas onde o sucesso escolar estava manifestamente abaixo do esperado, e nas quais o risco de abandono escolar era uma realidade. Não esqueçamos ainda a criação de disciplinas de oferta curricular, o Plano Nacional de Promoção de Sucesso Escolar, com inúmeras atividades e a contratação de psicólogas e de uma educadora social, para intervenção individual e coletiva de acordo com as necessidades.

     Neste processo de agregação, é de salientar que vivemos a redução do número de escolas com a criação de novos centros escolares, num processo que nem sempre foi consensual com as famílias e com a autarquia, mas durante o qual sempre lutei pelo bem-estar das crianças e dos alunos, bem como do pessoal docente e não docente, tentando criar-lhes novas oportunidades, com espaços nem sempre perfeitos, mas mais adequados à aprendizagem e ao exercício da profissão.

     Durante este processo vivemos experiências únicas como a pandemia, as alterações a nível de currículo e da avaliação, a recuperação de tempo de serviço, com avaliações de desempenho, com formação de professores, com concursos extraordinários de vinculação, com excesso e falta de professores, reestruturação de carreiras, entre tantas outras.

     Neste exercício, as interpelações pedagógicas, disciplinares e de gestão foram diárias e exigentes, mas as respostas dadas foram marcando o ethos do AEML.

     O Agrupamento foi construindo a sua identidade, foi fazendo o seu caminho e quem o procurava sabia o que podia encontrar o bem receber, o bem servir, o apoiar cada um nas suas particularidades e fazer cada um aprender mais e melhor.