Luís Mota (músico e compositor)
(Aluno da escola Manuel Laranjeira entre 2004 e 2007)
Film Fest Gent – 2018
Foi com muito gosto que aceitei escrever um pouco sobre mim para o jornal ‘Plural’. Ao partilhar o meu percurso como músico e compositor, espero inspirar atuais alunos (e não só) a seguirem a sua paixão profissional, seja ela qual for.
O meu percurso musical foi marcado por circunstâncias e mudanças que nem sempre me pareceram positivas, mas que se revelaram importantes momentos de viragem. Aos sete anos, na Academia de Música de Espinho, comecei a estudar violino com Emília Alves, professora de viola de arco (um instrumento muito parecido com o violino, mas ligeiramente maior e com um som mais grave), por não haver vagas disponíveis nas aulas dos professores de violino. Foi com ela e com a ajuda da minha mãe que fiz os meus primeiros exercícios de composição. Desde pequeno, sempre azucrinei os meus pais ao tocar no piano ou em tachos e panelas, mas foi neste momento que tomei consciência de que havia algo mais a descobrir no mundo da composição.
Algum tempo mais tarde, pelo Natal, recebi o programa de notação musical Finale. Esta ferramenta possibilitou-me compor e experimentar como nunca antes conseguira e ajudou-me a escrever para vários instrumentos ao mesmo tempo. Foi neste programa que, anos mais tarde, escrevi a minha primeira ópera infantil, baseada num libreto de Jorge Reis-Sá.
Film Fest Gent – 2018
Em 2002, tive finalmente uma professora de violino, mas, quando tinha treze anos, ela saiu da academia. A passagem para o professor Pedro Rocha, apesar de me ter obrigado a mudar a técnica e a corrigir alguns maus hábitos, foi determinante para o meu futuro musical. Foi graças a ele que decidi seguir profissionalmente a minha paixão pela música e que enfrentei os desafios técnicos e musicais necessários para ser admitido na Royal College of Music em Londres. Lembro-me da minha primeira visita a Londres e da ansiedade que senti antes das provas de admissão. Curiosamente, a professora com quem eu queria estudar estava presente na minha audição e gostou de mim!
Um dos momentos mais marcantes na minha vida foi a mudança para Londres, em setembro de 2010. Sozinho, numa altura em que os smartphones ainda não eram o que são hoje, ir estudar para uma grande metrópole, aos dezoito anos e sem conhecer ninguém, foi um desafio enorme! Fui exposto a uma realidade diferente e a um nível artístico incrível. Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, terminei o meu mestrado em 2016 e estou extremamente grato por ter tido a oportunidade de seguir aquilo de que gosto e ter superado os meus medos.
Vivo agora em Londres, onde trabalho como compositor (www.luis-mota.com), tendo colaborado com músicos do Reino Unido, França, Espanha, Itália, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Austrália, entre muitos outros. Estive envolvido na orquestração das bandas sonoras da série ‘Veleno’ e do vídeo-jogo ‘Card Shark’ (Itália). Editei as partituras e fiz o arranjo do projeto ‘Jeju – April 3rd’ de Seayool Kim (Coreia do Sul) e tive o privilégio de produzir uma gravação orquestral em Praga, onde gravei a minha peça ‘Camila’. Gravei outras 4 peças baseadas em música tradicional portuguesa com o Cat’s Cradle Collective, dirigido por António Sá-Dantas.
https://www.youtube.com/watch?v=3ub4BfhTsuc&t=36s (Numa competição, no ano passado)
Compus a banda sonora para dois filmes mudos de 1925 (para serem reeditados em DVD): ‘The Unholy Three’ e ‘Ben-Hur: A Tale of the Christ’. Em 2019, foi-me atribuído o diploma de louvor ‘Distinção e Mérito Jovem Espinhense’ pela Câmara Municipal de Espinho.