História de um confinamento
No ano longínquo de 2021, todo o planeta Terra viveu um período conturbado e nunca antes vivido. Fez frente a uma pandemia, a Covid 19, e, enquanto não havia uma vacina, optou por um confinamento geral.
No ano longínquo de 2021, todo o planeta Terra viveu um período conturbado e nunca antes vivido. Fez frente a uma pandemia, a Covid 19, e, enquanto não havia uma vacina, optou por um confinamento geral.
A escola não poderia ficar simplesmente encerrada e os professores, mais uma vez, souberam responder ao desafio com prontidão, tendo sempre como preocupações o bem-estar dos alunos, os aspetos socioeconómicos que os condicionavam e os conteúdos programáticos que deveriam ser lecionados e que levariam à consequente aquisição de competências.
O Grupo de Educação Física, por lecionar uma disciplina essencialmente prática, viu o E@D como uma grande dificuldade a ultrapassar. Contudo, os professores encararam esse contratempo como uma oportunidade de desenvolver novas e diferentes formas de trabalho, assim como a criação de diferentes formatos de conteúdos. Outro fator muito relevante foi a partilha de conteúdos e de saberes entre todos os professores do Grupo. Já o maior problema foi avaliar o trabalho realizado pelos alunos em atividades físicas. Mas o mais importante era mantê-los ativos, não só para efeitos académicos, como também para a manutenção do seu bem-estar físico e psicológico, já que estavam isolados em casa, sem poderem praticar desporto nos seus clubes ou nos ginásios e, muito menos, socializarem.
Perante este dilema, os professores optaram por abordar a modalidade desportiva da dança, visto que era a mais fácil de lecionar através do E@D. Realizaram vários vídeos com diferentes passos e duas coreografias, e os alunos optavam por uma ou realizavam, eles próprios, uma diferente. Essa coreografia foi registada em formato de vídeo e enviada aos professores, que a avaliaram, bem como a aptidão física evidenciada. Para que os alunos se mantivessem ativos, foram criados desafios físicos semanais, que tinham de ser cumpridos.
Este tipo de ensino promoveu uma maior autonomia e responsabilização no processo de aprendizagem por parte dos alunos. Em contrapartida, a sociabilização, que é um aspeto importante da vivência escolar, foi bastante prejudicada. Também aumentaram as desigualdades, ou seja, os alunos com maior poder económico e com mais competências académicas foram menos prejudicados. O E@D, implicando uma aprendizagem muito mais solitária, gerou alguma desmotivação e desinteresse pelo estudo, o que se refletiu num rendimento académico menor.
O Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Laranjeira possuía um Centro de Formação Desportiva (CFD) de Surfing, para que os professores não perdessem o contato com os alunos, optando por um encontro digital, todas as semanas, onde abordavam aspetos técnicos e partilhavam vídeos com manobras das várias modalidades. Nestes encontros existia um momento designado de “Marcelo”, em que os professores davam sugestões de livros ou filmes sobre as modalidades do CFD, e um tempo que era destinado à partilha de experiências ou desejos, em que qualquer um poderia falar de atividades náuticas, sendo esse o momento mais querido de todos.
Em suma, apesar de todas as adversidades e barreiras que tiveram de ultrapassar, os professores de Educação Física conseguiram, com a cooperação de todos os envolvidos, levar a disciplina aos alunos e tornar aquele confinamento mais fácil de suportar, fazendo com que, depois de ultrapassada a pandemia, os jovens tivessem voltado a sociabilizar.
A Humanidade tornou-se muito mais fraterna e feliz.
Hélder Silva, professor de Educação Física