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Educação Musical e E@D

Refletindo sobre o E@D, e considerando a minha experiência, penso que o ensino da música realizado desta forma, não vai, totalmente, ao encontro dos princípios que orientam, justificam e dão sentido ao “Perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória”.

Na introdução do documento do Ministério da Educação relativo às Aprendizagens Essenciais/Articulação com o Perfil dos Alunos, 2º Ciclo, refere-se o seguinte: “A música é uma prática social comunicativa e expressiva. A partir do ouvir e através da produção sonora em conjunto, do cantar, do tocar, do compor, do olhar, do escutar, as crianças e jovens dialogam e constroem significados, partilhando-os e transformando-os, enriquecendo assim as suas práticas e horizontes culturais. A música existe no conjunto, no fazer e partilhar com os outros.”

As Aprendizagens Essenciais apresentadas neste documento estão estruturadas a partir de três organizadores comuns à Educação Artística: Experimentação e Criação; Interpretação e Comunicação; Apropriação e Reflexão.

No contexto atual, estes pressupostos tornam-se difíceis de concretizar. Atualmente, os professores de Educação Musical confrontam-se com este desafio, que, à partida, será transitório. De outra forma, a disciplina de Educação Musical não teria sentido.

Neste ano letivo em que o uso de máscaras é imprescindível, a comunicação entre professores e alunos foi muito difícil. A prática instrumental tornou-se impossível, por isso foram definidas novas formas de atuação, relativamente ao canto e à interpretação e análise de partituras de pequenas peças musicais.

Mas existem também aspetos positivos no modelo de ensino e aprendizagem online, em que tudo é feito a partir de recursos
tecnológicos, que facilitam a transmissão de conteúdos: o aluno pode distrair-se a si próprio, mas não prejudica os seus colegas e o professor é menos vezes interrompido aquando da exposição dos conteúdo, pois as dúvidas são apresentadas posteriormente. Além disso, os alunos menos participativos e mais tímidos, no E@D, sentem-se mais à vontade para intervir e expor as suas dúvidas.

Em suma, considero que a era da tecnologia digital, no que diz respeito à disciplina de Educação Musical, se apresenta como um novo desafio que tem contribuído para a inovação das minhas práticas pedagógicas. A somar a este facto, a realidade do mundo em que vivem os nossos alunos, a sua adesão a estas novas tecnologias e a sua motivação para “novas formas de aprender”, às quais não podemos ficar indiferentes, apresentam-se como uma mais valia e facilitam a realização de aprendizagens significativas e a aquisição de novas competências, o que em muito poderá contribuir para o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.

Clementina Silva, professora de Educação Musical

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