Dia Nacional da Cultura Científica
No dia 24 de novembro, nas escolas de todo o país, são feitas atividades de grupo e experiências científicas para serem expostas. Algumas palestras são realizadas nas principais cidades para divulgar a cultura científica com ajuda de profissionais do universo científico.
No dia 24 de novembro, nas escolas de todo o país, são feitas atividades de grupo e experiências científicas para serem expostas. Algumas palestras são realizadas nas principais cidades para divulgar a cultura científica com ajuda de profissionais do universo científico.
Este dia foi criado em Portugal em 1996. A escolha da data quis homenagear o nascimento, em 24 de novembro de 1906, do grande professor de Física e Química, Rómulo de Carvalho, que foi responsável pela difusão do ensino da ciência e da cultura científica no nosso país. Além de professor, Rómulo de Carvalho também foi poeta, publicando sob o pseudónimo de António Gedeão.
A celebração, na nossa escola, ocorreu no dia 25 de novembro. As atividades desenvolvidas consistiram na leitura, em salas de aula, de poemas do escritor e na elaboração de cartazes, visando dar a conhecer o poeta, assim como promover o interesse pela ciência.
A professora de Físico-Química, Maria Cristina Moura, selecionou um conjunto de poemas, alguns dos quais com referências a conteúdos curriculares da disciplina – o movimento, o sistema solar, a água e as soluções aquosas – e um grupo de alunas do 9º G recitou esses poemas aos alunos dos 7º, 8º e 9º anos.
No poema ‘’Lágrima de Preta’’, Rómulo de Carvalho, como cientista, tenta descobrir o que os negros têm de diferente dos brancos. Cita todos os componentes que as lágrimas contêm e chega à conclusão de que não existe diferenças, pois todos nós, seres humanos, temos os mesmos constituintes fisiológicos e não há nenhum motivo científico para tratar as pessoas de forma diferente apenas pela sua aparência física.
Os alunos também elaboraram cartazes para serem expostos na vitrine da biblioteca, de forma a dar a conhecer este dia à comunidade escolar.
Na minha opinião, as atividades foram bem estruturadas e tiveram um impacto positivo junto dos alunos. A escola poderia desenvolver mais atividades como esta, para ensinar aos alunos as matérias de uma forma divertida.
Luís Felipe Boia, aluno do 9º G
Rómulo de Carvalho
Foi professor de Físico-Química do Ensino Secundário no Liceu Pedro Nunes e no Liceu Camões, ambos em Lisboa, e no Liceu D. João III, em Coimbra.
Foi membro efetivo da Academia das Ciências de Lisboa e diretor do Museu Maynense dessa Academia.
Além disso, desenvolveu também atividade enquanto pedagogo, investigador da história da ciência em Portugal, divulgador da ciência e poeta, sob o pseudónimo de António Gedeão.
Pedra Filosofal e Lágrima de Preta são dois dos seus mais célebres poemas.
A data do seu nascimento foi adotada, em Portugal, em 1996, como Dia Nacional da Cultura Científica.
Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
Lição sobre a água
Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.
É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.
Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.
António Gedeão